domingo, 11 de agosto de 2013

A essência do "caminho espiritual"

Por Rita Foelker - Texto inédito

Às vezes, considero importante dizer o que penso sobre um assunto, depois de muito ouvir, ler e pensar sobre ele. Mas esta reflexão começou especificamente nesta madrugada, em uma festa de aniversário, no meio de uma conversa. E veio se completando em meu pensamento, até chegar aqui, onde me sento com o "note" no colo e a transformo em palavras.

Existe uma expressão genérica muito em uso nos meios interessados em estudos e práticas voltados à espiritualidade. É a expressão "caminho espiritual".

Aymará já escreveu sobre isso, em seu texto intitulado "Ir", postado neste blog há algum tempo, em que se lê: "onde quer que o caminhante esteja, entre o Leste e o Oeste, entre o Sul e o Norte, há o ponto central de sua vida localizado em si mesmo, onde ele decide (ou descobre) quem ele realmente é, e a partir daí nada mais ao redor parece o mesmo".

Isso me leva a pensar no caminho espiritual como uma busca de encontro com a sua própria essência espiritual, seus reais objetivos e os valores imperecíveis de vida. Portanto, entendo que o caminho espiritual é basicamente uma procura de nós mesmos, da verdade de cada um e que também encerra uma verdade essencial comum à Humanidade.

Tem pessoas que acham que um caminho espiritual envolve ter um guia encarnado, ingressar em alguma ordem, estudar muitos anos, atravessar iniciações, o que é respeitável como fruto da livre escolha, e mais respeitável ainda se provém de um desejo sincero. Mas não me parece que passar por todo esse processo conduza ao desfecho de um encontro de si mesmo, a algum tipo de auto-iluminação. E, principalmente, não me parece que tenha, como resultado inevitável, alguma transformação íntima real.

A aproximação desse "centro" de si mesmo", a que Aymará se refere, aumenta o sentimento de se estar bem consigo mesmo e com todos os demais seres. Não significa, porém, nos forçarmos a isso. Não se trata de uma adoção de certas práticas superficiais. Não se trata de fingir mudança, mas de observarmo-nos e as nossas relações, cotidianamente, no que elas nos ensinam sobre nós mesmos. E, a partir de então, procurar desenvolver atitudes e adquirir hábitos melhores que os que trouxemos até o presente momento. Creio que isso é caminho espiritual.




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