quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A importância de considerar diferentes perspectivas

Por Rita Foelker
– Texto inédito

Há sempre uma multiplicidade de perspectivas para cada fato, cada situação, cada ato. Um modo de verificar isso é observar a maneira como pessoas diferentes contam algo que aconteceu. Ou ver o mesmo acontecimento ser noticiado por diferentes telejornais.

A perspectiva altera a percepção das coisas, sendo um aspecto crucial do que se considera conhecimento. A filosofia do conhecimento a enfrenta como um problema interessante. Alguns filósofos – os relativistas – dizem que tudo, em termos de conhecimento, é perspectiva. Nada existe, além dela. Já os essencialistas acreditam que as coisas são algo, em si mesmas, independentes de nossa perspectiva. Mas aqui não vou teorizar sobre a perspectiva, apenas reconhecer que ela existe e que não escapamos dela, nem em considerações teóricas, nem na vida prática.

Na vida prática

Em nosso cotidiano, a percepção da perspectiva é importante.

Primeiro, compreendendo que aquilo que pensamos ou acreditamos ser verdade, é parte da nossa perspectiva pessoal. Não é uma verdade obrigatória para todos.

Depois, valorizando o direito do outro, de ter a sua própria perspectiva, opinião ou apreensão das coisas. Nosso modo de pensar e de ver não é gratuito, ele tem uma história dentro de nós, desde outras encarnações até a nossa educação e o meio em que vivemos. O do outro, idem.

E, enfim, percebendo que a perspectiva influencia nosso humor e nossas ações. Segundo o filósofo estoico Epicteto, “as pessoas ficam perturbadas, não pelas coisas, mas pela imagem que formam delas”...

Mas, se há tantas perspectivas quanto seres conscientes, quais delas devem ser consideradas primordiais? Em minha opinião, duas:

A perspectiva do outro. Numa situação específica, envolvendo outra pessoa ou um grupo, além da nossa própria, é importante buscar entender a perspectiva do(s) outro(s). Não vivemos sós e o que dizemos e fazemos afeta pessoas, em torno de nós. Num diálogo, há duas ou várias perspectivas, mas só será realmente um diálogo se todas ou a maior parte delas for considerada. Caso contrário, teremos apenas um conjunto de monólogos.

Além disso, a consideração da visão do outro também repercute no resultado do diálogo e nas ações subsequentes.

A perspectiva do eu mais elevado. A segunda é a perspectiva do Eu superior, que Paul Brunton chama de “eu mais elevado”, o que bem representa a ideia de observar tudo “do degrau de cima”, de um ponto de vista mais alto, amplo e abrangente. Representa também o ponto de vista do nosso “eu melhor”, daquilo que almejamos como meta de melhoria pessoal e espiritual.

De fato, perante cada situação, temos uma gama de possibilidades de agir, da mais egoísta à mais generosa, da mais explosiva à mais paciente, tudo isso, dentro de nosso espectro evolutivo. Agir com maior bondade e perdão, com maior compreensão e serenidade, dentro desse espectro evolutivo, é agir com nosso melhor, cumprindo o nosso propósito na existência. Segundo Brunton, “o estudante precisa ir ao encontro de cada experiência com a sua mente, lembrando seu relacionamento com o seu eu mais elevado e, consequentemente, o propósito mais elevado de todas as experiências. Nunca deve esquecer a aventura na busca da identidade e da consciência, que a vida é.”

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