segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O engano presente na vaidade do conhecimento*


Por Rita Foelker

Em alguns meios onde o estudo, a pesquisa e o conhecimento são valores importantes, é comum surgirem pessoas embriagadas pelo fascínio de conhecer e pela vaidade do conhecimento. São tomadas de assalto pelo sentimento de superioridade em relação a quem, imaginam, “sabe menos”. Não creio que esteja aqui expondo uma novidade.

O ambiente acadêmico apresenta essas situações, mas elas também se encontram em empresas, agremiações filosóficas, grupos de estudo e instituições religiosas.

Se meditarmos um pouco sobre essa questão, identificaremos ali a cegueira do orgulho, que impede de enxergar a realidade. Não tem sentido a vaidade ou orgulho pelo saber. Afinal, o conhecimento não é um adorno, um bem, uma posse. Não é um elemento de distinção que aponta alguém de categoria especial, alguém acima da humanidade comum. Sabe-se que a evolução intelectual não corresponde à elevação moral e que esta, sim, nos diferencia na hierarquia dos seres espirituais.

Embora seja frequentemente pensado como tal, o conhecimento não é um bem, mas uma espécie de relação com as coisas conhecidas, e opera numa interação entre sujeitos e objetos. Ao dizer que “adquirimos” um conhecimento ou nos “apropriamos” de um objeto ao conhecê-lo, estes são de fato termos inadequados para expressar a real situação daquele que conhece.

Isso se patenteia numa reflexão mais cuidadosa. Não somos donos do que sabemos. O filósofo inglês William Whewell1 observa que conhecimento consiste num tipo de experiência na qual sujeito e objeto se unificam, como as duas faces de uma mesma moeda, de modo que não há relação possível se faltar um dos dois polos da relação. Assim, conhecimento é, antes, uma interação do sujeito com o seu objeto e do seu objeto com o sujeito, que uma apropriação.

Mas, mesmo sem considerarmos o conhecimento como uma posse, Humberto Maturana2 observa que em nossa cultura ocidental também vivenciamos a ideia de usar o conhecimento como meio de controle da Natureza, porque associamos conhecimento à ideia de controle, exploração, manipulação. Outro equívoco. O fato é que, e o dia-a-dia nos mostra isto, o controle nos escapa sempre, apesar do tanto que sabemos e de aprendermos mais a cada geração. Continuamos vendo-nos repetidamente perante eventos e processos que não controlamos, incluindo as forças da Natureza e as forças inconscientes no interior de nós mesmos.

“Se o conhecimento leva a alguma parte, é ao entendimento, à compreensão”, afirma Maturana2. E pelo entendimento e compreensão que alcançamos, se não formos cegos, seremos gratos, em lugar de sermos orgulhosos. Mesmo que encaremos o conhecimento como fruto do esforço e do aprendizado pessoal, é forçoso admitir que ele não existiria sem o trabalho e a dedicação de outras pessoas, célebres ou anônimas, que se dispuseram a ensinar e compartilhar o que sabiam. Quem hoje sabe coisas, sabe que existiram estudiosos, mestres, professores, ou mesmo colegas de trabalho, amigos e vizinhos que tornaram isso possível, os quais merecem gratidão e reconhecimento.

Na perspectiva da reencarnação, sabemos ainda que a facilidade para compreender certos conteúdos, a afinidade com certas disciplinas vem, provavelmente, de um esforço empreendido em existências anteriores. Ou seja, houve um momento em que também estivemos no início da aprendizagem, estivemos na condição de desconhecimento destas ideias a que atualmente damos importância e valor. Assim é que, se hoje ainda existe alguém a quem este conhecimento poderia ajudar, para quem ele poderia abrir portas de esclarecimento e melhoria interior, e se nós podemos ser agora os seus facilitadores, cabe a nós aplicarmos a esta tarefa todo amor e humildade de que dispomos, também pensando naqueles que foram nossos mestres e professores dedicados, com respeito e reconhecimento.

No item 28 de O livro dos médiuns, falando especificamente sobre os espíritas, Allan Kardec mencionou o perfil dos “espíritas imperfeitos” como o daqueles que estudam os fenômenos e não demonstram melhoria moral alguma, que valorizam o conhecimento, mas não vivenciam as implicações do conhecimento. Já os “verdadeiros espíritas”, segundo o Codificador, são aqueles que “tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem”.

O que se torna mais importante então, sobre o conhecimento, incluindo-se o conhecimento da vida espiritual e das leis dos fenômenos mediúnicos, são as consequências morais, as transformações que o fato de sabermos essas coisas nos leva a empreender, dentro de nós mesmos e nas nossas atitudes.

Notas:

1. WHEWELL, William. The Philosophy of the Inductive Sciences, founded upon their History. Vol. 1. Classic Reprint Series. Lexington: Forgotten Books, 2010[1847].

2. MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.55.

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*Este texto foi publicado originalmente no site da Fundação Espírita André Luiz, em 16/11/2011.

2 comentários:

  1. Prezados companheiros de estudo,

    Por favor, publiquem o texto.

    Na Vanguarda do Movimento Espírita. Muitos serão chamados para o trabalho da última hora.
    Faz-se necessário que vocês intervenham com urgência.

    A Vida no Planeta Marte e o que a maioria dos espíritas desconhece.

    A partir de 2012, a notícia de que Marte é habitado causará um questionamento quanto à posição filosófica das diversas religiões. Haverá um aumento da conscientização da população, entrando numa época de maior conhecimento espiritual. A coisa vai ser séria. Achamos que o Movimento Espírita Brasileiro não pode ficar alheio ao que está acontecendo nesse sentido. Alguns cientistas e pesquisadores independentes descobriram que as fotos do planeta Marte, publicadas pela NASA e Agência Espacial Européia, foram pintadas e deformadas por uma edição de imagem fraudulenta. Por debaixo das cores falsas que deram a Marte, descobriram cidades imensas na superfície do planeta.

    A NASA mente. Este link prova isso:
    http://www.forumespirita.net/fe/jornal-das-boas-noticias/frei-beto-e-a-pluralidade-dos-mundos-habitados/#c2

    Existe muito mais a conhecer do que se tem dito. Acessem este link também ( é muito importante ) :

    http://www.forumespirita.net/fe/off-topic/um-corpo-celeste-se-aproxima-de-nosso-sistema-solar/135/#c2

    Pode-se duvidar dos vídeos apresentados -- por ignorância, desconhecimento do porquê das fotos não poderem ser falsificadas. A fraude seria descoberta com facilidade. Foi o que aconteceu com as fotos originais. -- como prova da existência de cidades em Marte, mas não se pode ensinar o erro dentro do Espiritismo, pois nem Maria João de Deus, nem Humberto de Campos e nem Emmanuel afirmaram que a vida em Marte ou em outros orbes do nosso sistema solar é espiritual ou de outra dimensão. Vocês conhecem algum livro — eu disse livro — psicografado, no qual o autor espiritual afirma que Marte é um planeta sem vida ou que nenhum outro orbe do Sistema Solar é habitado na mesma dimensão que a nossa? Se conhecem, por favor, passem para mim. Tenho muito interesse nisso.
    Eu concordo: acreditar na NASA e não nos Espíritos Benfeitores é ir contra os postulados da Doutrina Espírita. Afinal ela foi ditada pelos espíritos. Mas eram Espíritos Puros! E tudo que foi escrito depois disso? Foram os Espíritos Puros que passaram as informações para outros espíritos. Que certeza podemos ter disso? Se é assim, tudo que foi escrito, fora dos livros codificados por Kardec, não tem valor nenhum. Aqui, deve prevalecer o bom senso, e apenas isso. A Ciência não aceita a existência do Espírito, do Plano Espiritual e nem da reencarnação, e, no entanto, todos os instrutores do Espiritismo se colocam contra ela, porque afirmam o contrário. Existem instrutores e divulgadores espíritas que se esquecem que o Espiritismo pertence aos Espíritos; eles são apenas colaboradores, com raríssimas exceções — acredito, eu.
    Os vídeos, mostrados nos links indicados aqui, são verdadeiros, porque as imagens foram produzidas eletronicamente. São imagens digitais -- tecnicamente falando, é como CD pirata, a cópia do original também é original. E esses vídeos já devem ter sido examinados por peritos em fotos digitais do mais alto gabarito profissional, não tenham nenhuma dúvida quanto a isso.

    Hugo

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  2. Precisamos de muito cuidado ao afirmar que existe vida em marte,O chico xavier dizia haver varios estados da matéria,querendo com isso dizer que a vida inteligente que há em marte pode ser a mesma que existe no Nosso Lar,portanto invisível aos nossos olhos.

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