quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Seguir o fluxo ou nadar contra a corrente?

Tudo está fluindo para o seu melhor e para a minha melhoria...

Por Rita Foelker - Texto inédito

Seguir o fluxo. Nadar contra a corrente. Eu já ouvi as pessoas defendendo as duas coisas.
Em “nadar contra a corrente” parece haver algo de heroico, uma afirmação da vontade, que aumenta a satisfação de realizar o que se deseja. Superar as circunstâncias adversas.
Em “seguir o fluxo” parece haver sabedoria, tranquilidade, aceitação e percepção de que as coisas precisam amadurecer para frutificar.
Eu não tenho dúvida de que há um fluxo, um momento propício para cada coisa acontecer e que isto está além da minha possibilidade de determinação e controle.
Por outro lado, embora não acredite em “nadar contra a corrente” das leis universais, sei que tenho muito que superar – as minhas fragilidades, os meus traumas.
E que as circunstâncias aparentemente tentam me refrear, podendo levar a pensar que devo lutar contra elas. Mas que também é uma questão de interpretação pois, como disse Osho: “Aqueles fortes ventos que batem firme não são realmente inimigos. Eles ajudam você a integrar-se. Parece até que vão desenraizá-lo, mas, ao lutar com eles, você se enraíza.”[1] Ora, preciso me fortalecer. Por isso, sei que, se não reafirmar sempre aquilo que quero, que é meu ideal, se deixar simplesmente “rolar”, provavelmente vou me desconcentrar, perder-me nos meus labirintos internos, deixando passar oportunidades, ignorando as inspirações e intuições. Não se trata, porém, de lutar contra as circunstâncias e, sim, de compreendê-las, ver além delas. Alterá-las, se for o caso.
Seguir o fluxo também é diferente de abandonar-se à correnteza, de largar tudo e apenas esperar. Entendo que a determinação e o foco precisam existir, sobretudo quando não parece muito claro que tudo está fluindo para o seu melhor e para a minha melhoria – porque está, mesmo que ignoremos. Neste planeta onde vivemos no espaço-tempo, as coisas podem ter alguma demora. Então foco, atenção e determinação tornam-se importantíssimos, assim como a sinceridade no desejo de automelhoria.
Eis onde entra o semear e o colher. Se todos os dias plantarmos uma semente na forma de ato, palavra ou pensamento, em favor daquilo que esperamos realizar, a colheita chegará. E isto, sendo determinação, foco, atenção (e também autossuperação, em muitos casos), não significa nadar contra a corrente das leis universais. Significa enxergar além das circunstâncias visíveis e realizar os ajustes necessários, primeiro em nós, depois em torno de nós. Significa depositar nossa fé no fluxo da vida lembrando, como diz Aymará, que a energia se move em círculos.
Eis onde entra a confiança. Se permanecermos serenos (se conseguirmos isso) vamos perceber que, em determinado ponto, parece que os acontecimentos se apressam, o vento enfuna a vela e tudo se encaixa de um modo que, às vezes, sequer imaginamos e de um jeito muito melhor do que poderíamos supor.
Só não se esqueça de que há atitudes que, quando as adotamos, são como “fechar a torneira”. Mas isso fica, talvez, para outro texto...


[1] Se você tem comichões ao ler o nome de Osho, siga o conselho de Kardec: “Julgamos os espíritos pela sua linguagem e as suas ações. As ações dos espíritos são os sentimentos que eles inspiram e os conselhos que dão.” (O livro dos médiuns, item 267, 2º)

Um comentário:

  1. ..é Rita, parece que a vida exige as duas coisas, e a sabedoria é descobrir o momento correto de usar cada uma delas. Parece-me que viver é se fortalecer nessa descoberta. Seu texto me levou a profundas reflexões. Parabéns!

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