sexta-feira, 30 de julho de 2010

Confiança


Por Gilberto (Esp.) / Rita Foelker

Existem algumas características que, quando fazem parte de uma amizade, tornam-na mais profunda e verdadeira. Como a confiança, por exemplo.

Um verdadeiro amigo é sempre digno de fé, até que se prove o contrário. Ninguém fica à espera de testemunhos e comprovações do que um amigo diz. Um amigo, evidentemente, pode estar enganado, como qualquer criatura, e tem o direito a um falso juízo, um erro de apreciação. Não será desprezado por isso, que é uma consequência da sua humanidade.

As diferenças morais existem, em razão da lei de evolução, mas não serão pretexto de distanciamento entre as pessoas, muito embora a planta da amizade tenha mais chances de crescer no terreno das afinidades, que no das diferenças.

Porém, um grupo mediúnico só pode progredir sobre as bases da amizade mais profunda. E num grupo mediúnico, um requisito básico é a confiança recíproca entre seus participantes. O caráter e a idoneidade dos membros do grupo não serão colocados em dúvida, porque se alguém deu provas de não ser merecedor de absoluta confiança, em primeiro lugar, não deveria fazer parte do grupo...

A grande questão da mediunidade para os grupos que a praticam é a comprovação da autenticidade do fenômeno ou, em alguns casos, a confirmação da identidade do Espírito comunicante. E é comum isto ser colocado acima da amizade, quando se formam "panelinhas" para debater a situação de um determinado componente do grupo, sem a devida consideração e respeito, quando se atira sobre o médium a responsabilidade por comunicações falsas quanto à procedência ou ao conteúdo, buscando até mesmo aventar se a sua conduta moral não vem dando ensejo a que estes fatos aconteçam.

É compreensível que as criaturas céticas e os materialistas por sistema vivam à caça de evidências da origem da comunicação e da lisura do médium, porque eles estão cumprindo o seu papel: eles são os que duvidam.

Nós, espíritas que acreditamos, que nos gabamos de ser aqueles que "não acreditam, mas que sabem" tornamo-nos, frequentemente, mais céticos que os nossos adversários, submetendo médiuns e Espíritos a um nível de desconfiança inadmissível entre criaturas que elegeram o amor como bandeira.

Isto chega a não ser consciente, mas no momento da comunicação, em que o médium necessita do amparo da ligação com o grupo, a crítica e a dúvida surgem, inicia-se o debate mental de idéias, e o ambiente fluídico se ressente de maneira intensa, prejudicando não só o desenrolar da comunicação como o próprio socorro ou atenção que o Espírito merece.

Existe o animismo? Claro. Existe a mistificação? Sem dúvida. Mas acima de tudo, o ser humano. Acima de tudo, a amizade.

Existem grupos onde se vive a patrulhar a conduta uns dos outros, o que nos faz pensar nos sentimentos que lhes inspiraram a formação e nas razões que os mantém juntos.

No entanto, não é o temor, nem o patrulhamento, que haverá de evitar que tais situações venham a ocorrer. Aliás, num grupo onde transita a espontaneidade e a confiança, é muito difícil que a farsa ganhe espaço, pois que ela é reconhecida de pronto, como elemento estranho ao ambiente, e tratada de forma equilibrada, sem provocar maiores estragos.

Se você não confia num grupo mediúnico ou num grupo de Espíritos, não há porque fazer parte dele. Se, a seu ver, não existe segurança quanto às lições e testemunhos que têm lugar na reunião, para quê ouvi-los?

Mas se há sentido e significado profundo nos fenômenos, se os Espíritos confortam e ensinam, e se as pessoas estão unidas por sentimentos sinceros, por que deter-se na incredulidade?

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