quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Alegria das palavras

PF/Rita Foelker


Jean, desenhado por Auguste Renoir

A alegria das palavras surge do esforço de descobrir aquelas que expressam nossas opiniões, que traduzem o que sentimos e descrevem nossas necessidades.

O esforço do aprendizado, contudo, nem sempre é recompensado com essa alegria, porque antes de aprender a falar e escrever sobre nossos anseios, somos preenchidos de discursos esvaziados de sentido, de palavras ocas de verdade e o desencanto nos surpreende... sem ter o que declarar!

As palavras robustas, recheadas de verdade das emoções e de conforto, de razoabilidade e entendimento superior, estão fazendo falta. Mesmo as palavras do Mestre Nazareno se tornaram versinhos decorados como troféus de uma erudição fanática e limitada. Um insulto à mensagem espargida em suas entrelinhas como perfume floral agradável e como líquido que chega à secura das almas para ministrar-lhes novas forças e alento.

Eu gostaria que todas as crianças aprendessem a falar e escrever. Que os adultos recebessem essa oportunidade. Mas, antes disso, que elas e eles descobrissem dentro de seus corações o que é mais importante ser dito. O que é mais preciso. O que é essencial.

E que estas ocasiões de apresentação de redações não fossem apenas uma questão de número de palavras, páginas repletas ou de correção ortográfica, mas de encontro com a humanidade e reconhecimento do humano, sob o qual repousa, às vezes esquecida, a vida do espírito.

domingo, 26 de janeiro de 2014

"If you are going to San Francisco...", sobre os estímulos evolutivos da vida

"...be sure to wear some flowers in your hair." (John  Phillips)

Por Rita Foelker - Texto inédito.
John Phillips (à direita) compôs a canção
que ficou conhecida na voz de Scott McKenzie.





As situações de nossas vidas jamais estarão totalmente sob nosso controle.

Mas também não estarão totalmente fora de nosso poder de ação.

Podemos ir para San Francisco, podemos enfeitar os cabelos com flores, mas não somos senhores do que encontraremos por lá. Pode ser o que esperamos. Pode ser o oposto de tudo que imaginamos.

Assim, não somos aptos a ter e, muito menos, a fornecer garantias plenas de nada. Não sabemos como as circunstâncias evoluirão, até que o momento chegue.

Há sempre uma dinâmica entre o que depende de nós e o que acontece por si, sendo, exatamente este, o espaço do aprendizado e crescimento. É o que estimula a nossa mente, aguça os sentidos e nos desafia. É o que questiona nossas certezas e convida a ampliar nossa visão. São os estímulos evolutivos da vida.

Algumas vezes, nosso apego a crenças e desejos é tão forte, que o estímulo da vida se torna dolorido. Não é que a vida queira nos machucar. Nós é que estamos suscetíveis, ou frágeis, e a sensação é desagradável.

E mesmo quando se costuma ser alegre e grato, alguns acontecimentos, alguns momentos difíceis pelos quais passamos trazem a pergunta: "meu Deus, como é que eu vou poder agradecer por... 'isso'?" É que a dor concentra o foco, perdemos a perspectiva e tudo parece ruim. Mas apenas parece. Isso é temporário.

A resposta e a solução pra esses momentos, contudo, estão na própria vida, pois o que acontece também não fica totalmente fora de nosso poder de ação. Algumas vezes, poderemos escolher o que fazer. Outras, escolheremos o que dizer. Noutras, restará escolher como encarar e o que pensar a respeito, escolher como queremos nos sentir e como vamos prosseguir, a partir de então. Isso pode parecer pouco, mas, de fato, é a parcela essencial de tudo o que vivemos.

Podemos escolher o que pensar, escolhendo pensamentos que nos satisfaçam o entendimento e que façam bem ao coração. E se escolhermos um sentir que não seja possível imediatamente, vamos trabalhar em favor desse sentimento. Várias oportunidades de decidir e agir ainda continuarão disponíveis.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Nosso jeito de ser médiuns

Arte digital: Totemical (www.totemical.com)
Por Rita Foelker - Texto inédito

Andei pensando sobre isso e entendo que os bons Espíritos trabalham com a gente da maneira que podem, segundo nossas limitações, e da maneira que nós permitimos.

Isso, se houver uma chance de sintonia, se não tivermos muitas características que os atrapalhem ou impeçam de expressar seus pensamentos e intenção por nosso intermédio.

Eles não nos escolhem por nos acharem maravilhosos e perfeitos para o que pretendem.

Em geral, eles nos têm alguma simpatia, que pode provir de outras vidas. Ou, então, é simpatia por nosso desejo de progredir e pela sua própria vocação para ensinar.

Assim, sua presença ao nosso lado não significa aprovação total de nosso ser, mas, esperança naquilo a que nos propomos, em termos de serviço, aprendizado e evolução...