Visão coletiva, pintura de Alex Grey. www.alexgrey.com |
A consciência tem sido simbolizada em arte, cultura e religião, pela imagem de um olho. Também o Criador Supremo, em alguns simbolismos, é pensado como "olho que tudo vê", que se relaciona ao significado de 'onisciente' (= que tudo conhece)*.
Visão, visionário, e a popular "visagem", são termos aplicados a situações de percepção além dos sentidos materiais, no que condizem com a ideia de "tornar-se consciente de", desvelar, descobrir, no caso, algo em uma dimensão extrafísica. Passar de um estado de ignorância espiritual ao de conhecimento.
E, de fato, as visões são comumente traduzidas por imagens vistas pelo visionário. Cores, figuras, formas geométricas, lugares e pessoas são descritos. Contudo, essas imagens, embora possuam significado a ser eventualmente desvendado, não traduzem obrigatoriamente a visão real de coisas que existem do modo como são vistas.
Imagens, nesse contexto, podem não ser registros de situações reais.
Num primeiro caso, imagens também são recursos da mente para sintetizar ideias. Imagens podem ser arquétipos coletivos de origem imemorial. A mente recorre aos seus registros desta e doutras vidas para apresentar ao visionário analogias ou vestimentas para aquilo que ele vê mas não pode ser "materializado", quando o que percebe não teria forma visível, nem poderia ser traduzido nos termos com que está habituado.
Mas existe outro tipo de visão, aquelas que são frutos de criações de seres encarnados e desencarnados usando aquilo que se chama às vezes de 'matéria sutil', matéria indetectável pelos sentidos, suscetível de ser moldada por força da imaginação e da vontade. É matéria do tipo que transmite os pensamentos e que auxilia na cura de doenças, incluindo-se as físicas, podendo ser percebida pelos sentidos da alma.
Outro uso correto da palavra "ver" no sentido de ver "espiritualmente", contudo, é conhecido e muito utilizado pelas pessoas que despertaram para sua espiritualidade. São os sinais materiais que, embora possam estar muitas vezes patentes, não são percebidos pela maioria dos seres adormecidos, entorpecidos pela ação da matéria densa. Pois é preciso estar desperto para a espiritualidade para ser capaz de ver esses sinais: o balançar de uma folha, a cor de uma nuvem, o som da água podem ser mensageiros de conceitos muito profundos e sinais de fatos que estão por vir. Nesse caso, embora o que se vê seja um fato dito "material", o seu sentido só é apreendido por quem desenvolveu sua visão espiritual.
Compreendendo que há interrelações entre os aspectos materialmente visíveis e invisíveis da realidade, surge a ideia de ser capaz de "ver o invisível através do visível", em situações de profundo aprendizado pessoal e compreensão ampliada da vida.
Há pessoas que veem desse modo. Esta contudo não é a regra, embora seja uma habilidade passível de aprendizado. Ainda hoje, no mundo da matéria, os seres parecem ver ainda muito pouco, muito pouco mesmo, além de seus desejos egoístas e necessidades de satisfação pessoal.
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*N.M.: Scire, em latim, significa 'saber'.
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